Este artigo explora as inovações através da aplicação de big data, bem como suas limitações e riscos. A quantidade de dados produzidos hoje é impressionante: hoje, as pessoas descobrem em 48 horas tantos dados quanto o que humanos reuniram do “início da civilização” até o princípio do nosso milênio. Esses dados foram coletados por diferentes instituições, de diversos usuários e para propósitos distintos. Esses dados não são apenas amplamente disponíveis, mas nossa capacidade de analisá-los aumentou dramaticamente. Os defensores do big data argumentam que novos insights para lidar com muitos desafios do transporte surgirão da exploração desses vastos conjuntos de dados. Outros apontam que big data requer grande julgamento: só é útil se as questões de política forem enquadradas corretamente e se os conjuntos de dados forem relevantes para essas questões.
As vastas coleções de dados de hoje não são apenas de alto volume e velocidade, mas também de alta variedade de conteúdo. Eles são obtidos de várias fontes, incluindo sensores, vídeos, dispositivos móveis e mídias sociais.
No entanto, os dados brutos têm pouco ou nenhum valor. A quantidade e a velocidade da coleta de dados costumam ser maiores que a capacidade das organizações de gerenciá-los. Um desafio é encontrar recursos, habilidades e capacidade de armazenamento para lidar com isso. O principal problema hoje não é coletar dados, mas processá-los para aproveitar ao máximo as informações neles contidas. Novas tecnologias e ferramentas analíticas possibilitam a análise de dados em tempo real, permitindo soluções imediatas para desafios de transporte. Os dados são valiosos quando criam valor social através, por exemplo, do desenvolvimento de políticas para reduzir o congestionamento e melhorar o desempenho da infraestrutura.
As vantagens do uso de big data são significativos. Pode ajudar governos, empresas e indivíduos a tomar decisões mais informadas. Dados melhores podem ajudar as autoridades de transporte a entender o comportamento dos passageiros, fornecer informações direcionadas e identificar intervenções políticas. Na verdade, os maiores ganhos do uso de big data podem vir da alteração do comportamento do usuário. Cingapura, por exemplo, usa dados sobre as condições do tráfego local em tempo real para determinar os preços dos pedágios. Isso incentiva os motoristas a evitar dirigir durante os períodos mais congestionados e otimiza o uso da rede rodoviária.
O mundo está se tornando cada vez mais interconectado e inteligente. Cerca de 80% dos veículos na Europa e na América do Norte estarão conectados em duas vias até 2018. Mas todos os benefícios da conectividade só podem ser alcançados se os veículos também estiverem conectados à infraestrutura e a outros provedores de serviços. Por exemplo, a navegação intermodal de automóveis propõe não apenas rotas alternativas, mas também modos alternativos baseados em informações em tempo real.
O big data fornece novas maneiras de coletar informações inovadoras sobre a infraestrutura de transporte por meio dos movimentos de passageiros e veículos e permite uma mudança de abordagem passiva para crowdsourcing ativo com soluções de transporte inéditas. Por exemplo, alguns sistemas de GPS permitem que os usuários informem outras pessoas sobre incidentes nas estradas. Esta informação é transferida para operadores de rede em tempo real, permitindo respostas rápidas a interrupções. O uso de big data no setor de frete é mais desafiador devido à complexidade e ao número de atores envolvidos na cadeia de suprimentos. O conceito de Janela Única não está propriamente em operação hoje, apesar dos benefícios óbvios de uma movimentação mais coordenada de mercadorias através do uso de dados disponíveis.
A privacidade e a posse dos dados são questões polêmicas e multifacetadas. Várias partes interessadas podem ser identificadas, incluindo usuários de transporte (tanto como objetos quanto usuários de dados), entidades comerciais (envolvidas na agregação ou uso de dados) e reguladores (usando e regulando o uso de dados). Se os dados forem coletados para criar valor para os usuários ou para a sociedade, as pessoas estarão mais dispostas a compartilhar suas informações. Se puder ser demonstrado que o uso de dados pode criar valor para os consumidores e que eles estão acessíveis, os problemas de privacidade e propriedade se tornarão secundários. Mas a regulamentação ainda é necessária e o papel do governo é crítico. No entanto, a legislação é muitas vezes obsoleta quando é lançada por causa de desenvolvimentos tecnológicos. O foco da lei deve, portanto, ser a regulamentação de princípios, e não de especificidades.